Patrono de uma das maiores Escolas de Itapetininga, localizada na Vila Rio Branco, Sebastião Villaça nasceu em São Roque, mas passou a maior parte de sua vida na conhecida “Terra das Escolas”.
Neste pequeno trabalho foi feita uma detalhada pesquisa e estudo genealógicos sobre sua imediata família, definindo datas e locais de nascimentos, casamentos e óbitos; inclusive dos filhos falecidos na infância que foram encontrados nas pesquisas realizadas. Sua importante história em Itapetininga foi deixada a cargo de uma publicação transcrita de um site de genealogia que relata com precisão sua trajetória de vida.
Sebastião Villaça nasceu em 17 de setembro de 1869 em São Roque, sendo filho do português Sebastião Martins Villaça e da brasileira Maria Leocadia da Silveira.
A seguir a imagem e a transcrição do seu registro paroquial de batismo, sacramento realizado em 26 de setembro de 1869 na Igreja Matriz São Roque, no Município de São Roque.
* imagem:
* transcrição:
Sebastião Villaça formou-se em 1890 na Escola Normal de São Paulo (depois Escola Normal Caetano de Campos), na época localizada na Rua da Boa Morte, atual Rua do Carmo, Bairro da Sé. Pouco depois, em 1894, essa instituição foi inaugurada em prédio próprio na Praça da República, onde hoje se encontra a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.
Na edição do Jornal Correio Paulistano de 23/11/1890 foram publicados resultados de exames realizados na Escola Normal de São Paulo, onde apareceram os nomes de Sebastião Villaça e de sua futura esposa Maria Emilia de Oliveira:
Os já Professores Sebastião Villaça e Maria Emilia de Oliveira casaram-se no dia 23 de janeiro de 1893 em São Roque, ele com 23 e ela com 21 anos de idade. Maria Emilia era filha de Vicente Julio de Oliveira e Deolinda Victorina dos Santos e nasceu em 3 de outubro de 1871 em São Roque.
Talvez em torno de 1894 tenha nascido e falecido em São Roque um filho do casal; porém falta, até o momento, completar as pesquisas em documentos civis dessa época para confirmar ou descartar esses fatos.
No Diário Oficial do Estado de São Paulo de 04/03/1896 foram publicadas as declarações de Sebastião Villaça e de Maria Emilia de Oliveira Villaça optando pelos cargos de Professores na Escola Modelo de Itapetininga:
Provavelmente no ano de 1896 Sebastião e Maria Emilia estabeleceram-se em Itapetininga. Nesse mesmo ano, ao registrar o nascimento de uma de suas filhas, ele assinou o respectivo livro do cartório assim:
Em 1897 ele foi nomeado Professor normalista, como publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo de 15/08/1897 mostrado a seguir:
Na década de 1910 Sebastião Villaça registrou no cartório como filho adotivo seu e de sua esposa a criança por eles criada, nascida em São Paulo e que foi deixada na roda dos expostos da Santa Casa de Misericórdia daquela cidade. Nesse registro ele declara que o já adulto Cyro Villaça nasceu em 1º de janeiro de 1890.
A seguir está um esquema mostrando a família de Sebastião e Maria Emilia:
Sebastião Villaça e
Maria Emilia de Oliveira Villaça (10)
- Cyro Villaça (1890?-1937)
- Maria Villaça (1896-1896) *
- Bento Villaça (1898-1898) *
- Oscar Villaça (1899-1988)
- Sylvia Villaça (1900-2002)
- Floriano Peixoto Villaça (1902-1990)
- Luiz Villaça (1904-1906) *
- Lygia Villaça (1906-1906) *
- Augusta Villaça (1907-1910) *
- Clyde Villaça (1909-2002)
Cyro nasceu em São Paulo e foi adotado pelo casal, Bento nasceu em São Roque e os outros filhos nasceram em Itapetininga; onde as crianças também vieram a falecer.
Em 1913 Sebastião Villaça ingressou no serviço público federal, tendo sua nomeação para o novo cargo publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo de 10/10/1913:
Os cinco filhos que atingiram a idade adulta casaram-se, como descritos a seguir:
- Cyro Villaça e Luiza da Cunha – Boituva em 15/11/1932
- Oscar Villaça e Julieta Ornellas Rosa – Itaí em 29/06/1922
- Humberto Primo e Sylvia Villaça – Itapetininga em 23/01/1921
- Floriano Peixoto Villaça e Judith Carpinelli – Itapetininga em 11/10/1928
- Paschoal Visconti e Clyde Villaça – Itapetininga em 17/09/1935
Sebastião Villaça faleceu em Itapetininga no dia 28 de fevereiro de 1954 aos 84 anos de idade, deixando a esposa Maria Emilia e quatro filhos: Oscar, Sylvia, Floriano Peixoto e Clyde. Foi sepultado no Cemitério do Santíssimo Sacramento de Itapetininga.
No mesmo ano de 1954 foi apresentado um Projeto de Lei na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo para denominar um Grupo Escolar em Itapetininga com o nome de Professor Sebastião Villaça. Esse projeto foi publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo de 05/05/1954 juntamente com um rápido histórico como justificativa:
Sebastião Villaça viu seu filho
Cyro Villaça falecer em Itapetininga em 1937. Os outros faleceram bem depois e
com bastante idade: Floriano Peixoto em Itapetininga aos 87 anos de idade,
Oscar em Avaré aos 88 anos e Sylvia em São Paulo. Sylvia e Clyde faleceram no
mesmo ano de 2002, Sylvia aos 101 e Clyde aos 93 anos de idade.
Já a esposa, Maria Emilia de Oliveira Villaça, faleceu no dia 7 de setembro de 1963 em Itapetininga aos 91 anos de idade.
Para finalizar, na sequência foi transcrita uma publicação do site de genealogia Geni sobre a história de Sebastião Villaça, provavelmente extraída do Plano de Gestão Escolar da Escola Estadual Professor Sebastião Villaça:
“O Professor Sebastião Villaça
nasceu na cidade de São Roque - SP, a 17 de setembro de 1869, falecendo subitamente
nesta cidade de Itapetininga a 28 de fevereiro de 1954, contando com 84 anos e
5 meses. O Prof. Sebastião Villaça diplomou-se em 1890 pela antiga e
tradicional Escola Normal da Boa Morte, na Capital Paulista. Entre seus colegas
de turma e companheiros de estudos encontramos Arnaldo Barreto e Oscar Thompson,
legítimos de glórias do Magistério Paulista, dos quais, Sebastião Villaça foi
amigo íntimo e cujas memórias sempre enalteceu. O nosso homenageado, em sua
mocidade, secundando os esforços de seu irmão mais velho, Manoel Martins
Villaça ou Maneco Villaça, como era mais conhecido, lutou em São Roque, com
risco de vida pela humanitária causa da libertação dos escravos no Brasil,
escondendo negros foragidos e os encaminhado ao Dr. Antônio Bento, chefe dos
abolicionistas na Capital. Em reconhecimento aos relevantes serviços prestados
por esse valoroso irmão, o povo de São Roque perpetua sua memória na
denominação dada ao Grupo Escolar de Mayrink, na época distrito de São Roque.
Por muitos anos Sebastião Villaça exerceu o cargo de Professor público,
inicialmente na Escola Primária Masculina do Pantojo, de onde se removeu para a
Escola Complementar de Itapetininga, onde exerceu o magistério revelando-se Professor
emérito e amigo sincero de seus alunos, muitos dos quais como João de Toledo,
Erasto de Toledo, Raul Fonseca, Carolina Ribeiro, que tanto dignificaram as
gloriosas tradições do ensino paulista. Nessa ocasião, por motivo de clamorosas
perseguições políticas, Sebastião Villaça foi injustamente exonerado do cargo
que sobremaneira honrou. Professor vitalício e irremovível, não se conformou
com essa preterição iníqua, tendo sido o primeiro Professor público paulista a
acionar judicialmente o Estado, na justa defesa dos seus direitos
menosprezados. Depois de muitos anos de protelações políticas, mediante
sentença judicial, emanada do Tribunal de Justiça do Estado, Sebastião Villaça
foi reintegrado em seu cargo. Assim, após exercer o cargo de Professor público
por vários anos, ingressou no serviço público federal como Agente Fiscal de
Imposto de Consumo. Exerceu esse cargo com o coração que era grande e
magnânimo, nunca prejudicando ninguém, agindo sempre como conselheiro e amigo,
razão por que era sempre bem recebido festivamente onde quer que aparecesse no
exercício de suas funções fiscais. Nesse cargo se aposentou após haver prestado
mais de 35 anos de dedicados serviços ao Estado e à União, com íntima
satisfação de haver cumprido suas funções públicas com absoluta dedicação e
completa honradez. Nesta cidade, onde viveu quase 60 anos, sendo conhecido como
Cel. Villaça, em virtude de sua patente de Tenente-coronel da Guarda Nacional,
sua ação social e política foi proeminente e constante. Viveu sempre semeando o
bem, amparando os fracos e socorrendo os perseguidos, sem medir sacrifícios
pessoais. “Foi um homem grande na estatura e maior ainda no coração”, na
expressão de seus amigos. Combativo e destemido, sua pena sempre esteve ao
serviço dos desamparados, dos humildes, dos perseguidos, a todos socorrendo
materialmente ou confortando moralmente, compartilhando com o sofrimento alheio
quando não podia minorá-lo, pois a magnanimidade de coração e a generosidade de
sentimentos afetivos eram espontâneos em sua alma. A “Tribuna Popular”, em seu
número de 5-3-1954, noticiando o seu falecimento, escreveu:- “Se sua família
perde um chefe insubstituível, Itapetininga um amigo e defensor dedicado, os
necessitados e pobres perdem o seu benfeitor”. A Revista do Magistério, nº 6, de
15-8-1954, na seção intitulada “Vultos que passam”, assim se expressa ao
registrar o seu sentido falecimento: “Todos que se vão, da vida merecem
respeito, e todos deixam saudades. Registrar, porém, os nomes e dados dos
grandes mestres que descansaram desta longa vida, na expressão de Machado de
Assis, é-nos impossível. Vários, porém, não podiam passar sem registro.
Sebastião Villaça, diplomado em 1890, foi homem que morreu como viveu, pelo
coração, na expressão dos que com ele privaram” A mesma revista , no número
seguinte, prestando-lhe homenagem, por merecer sua vida destaque especial,
pública, de autoria de seu filho, mais velho, professor em toda a extensão e
significação da palavra e poeta, Professor Oscar Villaça, a poesia que é bem um
retrato daquele grande homem do ensino paulista e um símbolo do vulto altaneiro
desta raça varonil, como o cedro no meio da floresta virgem: “ Em memória de
papai”. Em Itapetininga, que amava carinhosamente como se fora sua terra natal,
foi Presidente e Vereador da Câmara Municipal; Presidente e Orador do Clube
Venâncio Ayres; Presidente da Comissão Pró-monumento ao Cel. Fernando Prestes
de Albuquerque e Dr. Julio Prestes de Albuquerque; Provedor da Santa Casa de
Misericórdia; Venerável e Orador por várias vezes da Loja Firmeza; Presidente
da Escola de Comércio; membro de vários diretórios políticos, sempre lutando
para que São Paulo fosse governado por homens dignos e honestos. Sebastião
Villaça não morreu. Sua lembrança imperecível há de viver perenemente nos
corações agradecidos de sua família, de seus amigos e de todos os que receberam
os benefícios desinteressados de sua alma grande e magnânima que repousa para
todo sempre na paz eterna do Senhor.”
* fontes: Acervo do Jornal Folha de São Paulo, Acervo do Jornal O Estado de São Paulo, Family Search, Fundação Biblioteca Nacional, Imprensa Oficial do Governo do Estado de São Paulo e Site de genealogia Geni
* pesquisa: Alan Franci
Alan Franci - Itapetininga - quarta-feira, 22 de setembro de 2021